Pular para o conteúdo principal

O Brasil cresceu em ritmo chinês e ninguém festejou


A economia brasileira cresceu em ritmo chinês em junho, a julgar pelo índice de atividade calculado mensalmente pelo Banco Central, o IBC-BR, considerado uma prévia do cálculo oficial do produto interno bruto (PIB). Se a taxa de 0,75% fosse acumulada em 12 meses, o resultado seria uma expansão de 9,38%, mas os jornalistas parecem haver esquecido de fazer essa conta. Preferiram concentrar-se na avaliação das perspectivas deste ano, reproduzindo as opiniões de vários entrevistados. Segundo esses especialistas, dificilmente o crescimento de janeiro a dezembro de 2012 chegará a 2%. Eles parecem estar certos, mas uma análise daquele resultado mensal poderia proporcionar informações interessantes. O ponto de partida muito baixo, depois de uma fase de estagnação, é obviamente parte da resposta, mas a explicação completa envolveria outros fatores. Primeira pergunta: quais foram os setores mais dinâmicos?

Seria instrutivo combinar a informação do BC com os dados do IBGE e de outras fontes a respeito de consumo, criação de empregos e atividade industrial. Isso daria mais solidez a qualquer discussão sobre as perspectivas da economia até o fim do ano e – mais importante – sobre as possibilidades dos próximos anos. Afinal, essa é uma das preocupações evidenciadas pela decisão do governo de envolver o setor privado, mais amplamente, nos planos de expansão e de modernização da infraestrurura. 

Posição pragmática
O Brasil passou o Cabo da Boa Esperança e retomou o crescimento, disse na sexta-feira (17/8) o ministro da Fazenda Guido Mantega, comentando os últimos dados de conjuntura ­– criação de cerca de 142,5 mil empregos formais em julho, expansão de 0,5% nas vendas do varejo em junho, e o aumento da atividade apontado pelo IBC-BR. Mas as perspectivas de médio e de longo prazos envolvem questões mais complicadas. O plano de investimentos em logística lançado pelo governo pertence a esse capítulo, assim como a promessa de redução de encargos sobre a energia elétrica. 

Todos os jornais classificaram como privatização – ponto destacado na primeira página – a convocação do setor privado para o plano de rodovias e ferrovias. O apelo ao capital e à competência administrativa dos grupos particulares é inegável, assim como o emperramento das obras previstas no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Mas discutir se concessão é uma forma de privatização é pouco relevante. Do lado da imprensa, foi uma picuinha. Do lado do governo, uma tentativa de marcar posição e, acima de tudo, uma satisfação aos companheiros de ideologia. As novidades mais importantes eram outras. Uma delas, obviamente, foi a decisão de retomar as concessões e de recorrer às parcerias público-privadas (PPPs). Foi o afrouxamento de uma restrição política, em troca de uma posição mais pragmática. Outra mudança relevante foi a ênfase em ações de maior alcance, num esforço para garantir o crescimento no médio e longo prazos. A presidente Dilma Rousseff chamou a atenção para essa nova ênfase na ação de caráter estrutural.

Por Rolf Kuntz / Observatório da Imprensa.

Comentários

Postagens mais lidas

POLÍTICA: Teich não quis virar a versão bolsonarista de Harry Shibata, o médico legista da ditadura

Harry Shibata, o legista da ditadura Nelson Teich pediu demissão nesta sexta-feira após um processo de fritura que incluiu seu linchamento pelas milícias virtuais. Ex-ministro Nelson Teich Foi “o dia mais triste” da sua vida, definiu. “Não vou manchar a minha história por causa da cloroquina”. Bolsonaro defende o medicamento de maneira doentia, sem qualquer base científica. Há interesses econômicos — a Apsen, empresa farmacêutica que produz o medicamento, é de um empresário bolsonarista chamado Renato Spallicci. Há também uma necessidade doentia de tentar encontrar uma “cura” e o presidente da República ser o milagreiro. Bolsonaro pôs a faca no pescoço de Teich. “Votaram em mim para eu decidir. Acredito no trabalho dele, mas essa questão eu vou resolver”, disse o presidente Bolsonaro (psicopata) numa live com empresários. Teich havia escrito no Twitter que “a cloroquina é um medicamento com efeitos colaterais. Então, qualquer prescrição deve ser feita com bas

Jequié: Academia ao ar livre no INOCOOP

Moradores do INOCOOP, no bairro do Jequiezinho passaram a contar desde a última sexta-feira, (03), com um novo espaço para a prática de atividades esportivas. Trata-se da Academia ao Ar Livre, um projeto da Secretaria de Esporte e Lazer da Prefeitura Municipal de Jequié. Esta é a segunda de uma série de quatro academias que serão instaladas na cidade. No último dia 1º de outubro os moradores da Urbis, bairro do Jequiezinho, também foram contemplados com a área de atividades físicas. O evento foi bastante participativo e contou com a presença da prefeita Tânia Britto, secretários Emanoel Andrade (Relações Institucionais e Comunicação Social), Heber Filho (Saúde), Alexandre Almeida (Serviços Públicos), Daniel Quadros (Controlador) e o vereador João Cunha. A prefeita Tânia Britto congratulou com todos os moradores a conquista e disse estar motivada em ver crianças, jovens e idosos praticando atividade física. “Estamos cuidando da nossa saúde”, revelou. As Academias ao Ar Livr

CARNAVAL DE SALVADOR: Além de ter conquistado o título "música do carnaval", Ivete Sangalo foi quem mais obteve mídia

Foto: Saulo Brandão Sem surpresas, Ivete Sangalo foi a atração que mais obteve mídia televisiva da última quinta (20) até terça-feira (25). Além disso, as estruturas relacionadas a ela - Camarote Veveta e Bloco Coruja - também predominaram nos noticiários e transmissões ao vivo durante o Carnaval 2020. Segundo um levantamento realizado pela empresa de pesquisa MidiaClip, a cantora ocupou mais de 19 horas somadas de exibição.  Atrás dela, aparece a cantora Cláudia Leitte, com 12 horas e 42 minutos, e o cantor Bell Marques, com 12 horas e 12 minutos no ranking dos artistas mais falados e comentados da folia momesca.  O Camarote Veveta, que estreou este ano, foi o que obteve maior projeção nas transmissões, com mais de sete horas de veiculação, seguido pelo Planeta Band, que teve mais de três horas, e do Mirante do Gigante, também em seu primeiro ano, que teve mais de duas horas de veiculação. Imagem: MidiaClip Entre os blocos de corda, o maior destaque é o Coruja, com

Feminismo no Brasil

Ao falar sobre o feminismo no Brasil, devemos inicialmente falar sobre a situação da mulher em nossa sociedade. Durante vários séculos, as mulheres estiveram relegadas ao ambiente doméstico e subalternas ao poder das figuras do pai e do marido. Quando chegavam a se expor ao público, o faziam acompanhadas e geralmente se dirigiam para o interior das igrejas. A limitação do ir e do vir era a mais clara manifestação do lugar ocupado pelo feminino. A transformação desse papel recluso passou a experimentar suas primeiras transformações no século XIX, quando o governo imperial reconheceu a necessidade de educação da população feminina. No final desse mesmo período, algumas publicações abordavam essa relação entre a mulher e a educação, mas sem pensar em um projeto amplo a todas as mulheres. O conhecimento não passava de instrumento de reconhecimento das mulheres provenientes das classes mais abastadas. Chegando até essa época, as aspirações pelo saber existiam, mas não possuíam o interesse d

EM NOME DA JUSTIÇA: Silas Malafaia não poderá realizar cultos

Foto: Isac Nóbrega/PR A Justiça do Rio determinou, na última quinta-feira (9), que a Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo -- liderada por Silas Malafaia -- não realize cultos durante a pandemia do coronavírus. A informação é do Portal G1.  A decisão é do desembargador Agostinho Teixeira, do Tribunal de Justiça do RJ, que acolheu recurso do Ministério Público. Em caso de descumprimento, a igreja pode ser multada em R$ 10 mil. No recurso, o MP sustenta que o pastor Silas Malafaia teria manifestado publicamente a intenção de descumprir as medidas restritivas de aglomeração de pessoas, diz a reportagem.