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Quando o médico está doente e força a barra para trabalhar, todos saem perdendo.

Presenteísmo é a situação em que um profissional não consegue se afastar do trabalho quando não está bem de saúde. Algumas condições clínicas predispõem mais ao presenteísmo, por serem erroneamente encaradas como situações ilegítimas para um atestado médico. Essa é uma situação comum no caso da enxaqueca e de transtornos psiquiátricos como a depressão.
Os profissionais de saúde parecem ser bastante acometidos. As pesquisas mostram que isso acontece em um terço deles quando se analisa o último mês de trabalho e em um quarto quando a análise é da última semana de trabalho. O fenômeno é bem menos estudado entre profissionais fora do ramo da saúde.
São vários os fatores que podem fazer com que os médicos sejam mais propensos ao presenteísmo. Entre eles podemos citar o fato de que muitos deles trabalham como autônomos – quando não trabalham, não ganham. Outro fator é a responsabilização pelos pacientes que estão sob seus cuidados, especialmente quando internados.
O presenteismo aumenta a chance de problemas de saúde como dores musculares, fadiga, depressão e até de doença isquêmica do coração. Os pacientes também perdem, pois além da redução do desempenho profissional, há o problema da transmissão de doenças infecto-contagiosas pelo médico doente.   
Já é bem reconhecido também que o presenteísmo é um dos fatores que levam os médicos à síndrome de esgotamento profissional, descrita na língua inglesa como síndrome de “Burnout”. Ela é caracterizada pela exaustão emocional e perda de entusiasmo pelo trabalho, além da redução da empatia com as pessoas com uma tendência de tratá-las como objetos, fenômeno chamado de despersonalização.
Estudos demonstram que um em cada três médicos sofre da síndrome de esgotamento em algum período da sua vida profissional, e apesar de ser um transtorno tão prevalente e relevante, são poucas as pesquisas que estudaram intervenções que possam ajudar. Um estudo publicado em 2009 pelo JAMA mostrou que meditação e dinâmica em grupo com outros médicos reduziram o risco da síndrome de esgotamento profissional e de transtornos do humor, além de terem melhorado o grau de empatia com os pacientes.
A síndrome de esgotamento profissional no médico está associada a uma piora da qualidade do atendimento oferecido aos pacientes e abandono da carreira, mas também a inúmeras repercussões pessoais como maior risco de acidentes, abuso de substâncias psicoativas, idéias de suicídio, doenças físicas relacionadas ao estresse e dificuldade nas relações familiares. Mais uma vez, médicos e pacientes saem perdendo.

 Fonte: Consciência no dia-a-dia

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