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BRASIL: Pressionado por Bolsonaro para abrir a economia e uso de cloroquina, Nelson Teich deixa o Ministério da Saúde

FOTO: ADRIANO MACHADO / REUTERS
O oncologista Nelson Teich deixou nesta sexta-feira o Ministério da Saúde, menos de um mês depois de ter assumido a pasta mais sensível ao enfrentamento da pandemia do coronavírus, e em meio a divergências públicas com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Teich é o segundo ministro da Saúde que deixa o cargo em meio ao avanço da covid-19, que já causou quase 14.000 mortes no Brasil. Com uma gestão relâmpago marcada pela forte influência de militares e pela morosidade nas medidas de enfrentamento à crise, o oncologista assumiu o cargo deixado pelo ex-ministro Luiz Henrique Mandetta com a missão de aliar medidas de distanciamento social à reabertura da economia, conforme vinha pressionando Bolsonaro. Indicou, num primeiro momento, que não faria mudanças bruscas na política do ministério, mas que desenvolveria um plano para aliar as duas vertentes, e prometeu que se pautaria pela ciência. Mas em pouco tempo viu sua gestão ―que também vinha recebendo críticas de secretários estaduais e municipais da saúde― arranhada, e se viu isolado.
Teich tomou posse como ministro se colocando como conciliador após uma crise política. Aceitou que o presidente, e não ele próprio, escolhesse o número dois da Saúde, o general Eduardo Pazuello. Diferentemente de Mandetta, evitava fazer críticas públicas ao presidente e sempre repetia que não comentaria o comportamento de seu chefe durante a pandemia. Mas as divergências entre o agora ex-ministro e Bolsonaro sobre as medidas para enfrentar a maior crise sanitária em décadas foram ficando mais latente nos últimos dias. Na última semana, foi surpreendido durante uma coletiva de imprensa ao ser questionado por jornalistas sobre um decreto presidencial que passava a incluir como atividades essenciais os serviços prestados em salões de beleza, barbearias e academias. Não havia sido sequer consultado sobre a medida. Ainda assim, ponderou que a decisão era de Bolsonaro e do Ministério da Economia. Defendeu que o papel da Saúde era ajudá-los a ver a melhor forma de fazer essa abertura “protegendo as pessoas”.
Na última quinta-feira (14), Bolsonaro elevou ainda mais a pressão sobre seu ministro da Saúde e cobrou que Teich passasse a recomendar o uso da cloroquina para o tratamento de pacientes infectados com o novo coronavírus até mesmo no estágio inicial da covid-19. Hoje, o Ministério da Saúde apenas autoriza o uso do medicamento desde que haja comum acordo entre médico e paciente porque a eficácia do medicamento para tratar a doença ainda não tem comprovação científica, e médicos alertam para os riscos de efeitos colaterais graves sobre o corpo dos pacientes. Teich seguia uma resolução do Conselho Federal de Medicina. “Agora votaram em mim para eu decidir e essa questão da cloroquina passa por mim”, argumentou o presidente, em uma reunião online com grandes empresários, na qual expôs seu descontentamento com a falta de ação do ministro sobre o tema e prometeu que o protocolo sobre a cloroquina iria mudar.
A aliados, Teich vinha se queixando que estava muito difícil atender aos desejos do presidente e respeitar o que preconiza a ciência. Reiteradas vezes, o ministro resistiu a recomendar deliberadamente o uso da cloroquina antes que houvessem estudos que dessem mais segurança à sua utilização no tratamento da covid-19. “Cloroquina hoje ainda é uma incerteza. Houve estudos iniciais que sugeriram benefícios, mas existem estudos hoje que falam o contrário”, afirmou o então ministro, em uma entrevista coletiva no dia 29 de abril. “Os dados preliminares da China é que teve mortalidade alta e que o remédio não vai ser divisor de águas em relação à doença”, acrescentou.
Enfrentou também a crítica de secretários estaduais e municipais de saúde, que se queixavam de terem sido excluídos do processo de tomada de decisões nacionais quando o SUS tem sua gestão compartilhada entre eles. Também reclamavam que o repasse de insumos médicos pelo Governo Federal vinha caminhando a passos lentos enquanto a epidemia avançava no país.
Ao assumir o ministério, o oncologista prometeu ainda testagem em massa da população. Dias depois, explicou que fazer exames em massa não significa testar toda a população. Teich dobrou a quantidade de testes prometidos por Mandetta e disse que o país chegaria a 46 milhões de exames. Mas, até esta sexta-feira, o Governo só conseguiu distribuir metade dos 17 milhões de testes previstos que seriam entregues até o fim do mês de maio. O ministro também fez alterações para mudar as plataformas com dados sobre como a epidemia avança no país, mas não conseguiu colocar no ar informações prometidas desde o início da crise, como por exemplo o número total de leitos de terapia intensiva e sua ocupação tanto da rede pública quanto da rede privada.
O maior projeto capitaneado por Teich era a elaboração de uma matriz de riscos para ajudar gestores a decidirem por flexibilizar ou endurecer as medidas de distanciamento social. A ferramenta chegou a ser desenvolvida, mas foi rechaçada por gestores estaduais e municipais da saúde. Eles afirmaram que só debateriam uma reabertura ―defendida pelo presidente Bolsonaro― quando houvesse evidências de que o contágio do coronavírus estava desacelerando no país. “É inoportuno falar em flexibilizar isolamento quando vemos subir o número de mortos”, criticou o presidente do do conselho de secretários estaduais da saúde, Alberto Beltrame. Teich prometeu que dialogaria com os gestores, mas sentia uma pressão crescente do presidente.


Fonte: El País

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