Durante a sessão que votará a admissibilidade do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) no Senado, Aécio defendeu que Temer faça um ajuste fiscal e "enfrente questões" como a Reforma da Previdência, a "modernização da legislação trabalhista" e uma reforma política que limite o número de partidos.
A pauta proposta pelo tucano é impopular justamente porque ataca direitos trabalhistas e garantias sociais. Em linhas gerais, o que Aécio prega já vem sendo discutido pelo vice-presidente e seu partido. O PMDB, inclusive, formalizou o seu "pacote de maldades" em um documento chamado Ponte para o Futuro, divulgado no ano passado.
A agenda de tucanos e peemedebistas inclui acabar com todas as “indexações para salários e benefícios”, abrindo a porta para o fim da exitosa política de valorização do salário mínimo e para a criação de distorções. Permite, por exemplo, que beneficiários da previdência possam vir a receber menos que o salário mínimo.
O que Aécio chama de "modernização da legislação trabalhista", na verdade, é uma velha conhecida do PSDB - a flexibilização da legislação, retirando proteções dos trabalhadores. Entre as medidas, está um projeto que permite que negociações coletivas tenham mais valor que o previsto na lei trabalhista. O objetivo disfarçado é a perda de direitos, já que o poder de negociação entre patrões e empregados é desigual, em especial em períodos de crise em que o trabalhador tenta assegurar sua vaga. Tucanos e peemedebistas também apoiam a terceirização do mercado de trabalho, que, na prática, significa precarização.
A reforma da previdência a que o senador se refere estipula a idade mínima para a aposentadoria, que pode chegar a 67 anos. Essa medida penaliza o trabalhador de baixa renda, que começa muito cedo no ofício. E a desvinculação do salário mínimo aos benefícios da previdência atinge 22 milhões de aposentados, que, sem reajuste atrelado ao mínimo, poderão ter sua renda congelada, perdendo poder de compra.
Outra das propostas antipovo é acabar com as vinculações constitucionais, como gastos mínimos obrigatórios com Saúde e Educação, deixando o Orçamento para essas áreas à marcê dos interesses momentâneos de governos que, em situações de crise, podem decidir cortar recursos nessas áreas. Penalizariam justamente a população mais pobre, que depende do serviço público.
No Senado, o presidente do PSDB voltou a dizer que seu partido vai apoiar o governo Temer, independentemente de cargos, e que preferia que "isso ocorresse sem ministros do PSDB no governo". Artífice do golpe, o partido de Aécio parece querer certa distância das dificuldades que o governo ilegítimo de Temer irá enfrentar.
"Apoiar esse governo para que faça as reformas que nós faríamos. Estimular este governo para que tome as medidas que nós tomaríamos. Para que enxugue o Estado como nós enxugaríamos. Para que coloque pessoas qualificadas como nós colocaríamos", disse Aécio.
O senador afirmou que, se Temer tomar medidas pensando nas eleições de 2018, "cometerá grande equívoco".
"Ele [Temer] tem que se preocupar em passar para a história como o presidente que teve coragem em, aproveitando um momento que o destino lhe ofereceu, para fazer aquilo que o governo do PT não fez", afirmou, ingnorando o fato de que as propostas que ele defende foram submetidas à população e rejeitada nas urnas, durante seguidas eleições. Sem apoio popular, só mesmo por meio de um golpe seria possível implementá-las.
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