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Itamaraty diz que não pode custear traslado de baiano morto na Espanha

O Ministério de Relações Exteriores informou, na noite desta segunda-feira (16), que não tem previsão "orçamentária e legal" para custear o traslado do corpo de Odycleidson Moraes do Nascimento, de 22 anos, jovem baiano assassinado no balneário espanhol de Blanes, em Girona, no dia 5 de dezembro.
De acordo com o órgão, em oposição ao pedido dos parentes da vítima, a remoção do corpo e o consequente transporte para o Brasil devem ficar sob a responsabilidade da família. O governo espanhol pode arcar com o sepultamento, explica o Itamaraty, caso o corpo do jovem baiano seja enterrado no próprio país.
A mãe do jovem baiano, Maria Cristina Moraes, de 44 anos, está na Espanha desde a terça-feira (10), em busca de uma maneira de trazer o corpo do filho para o Brasil. Ela tem passagem de volta marcada para o dia 11 de janeiro.
Por não ter condições financeiras de arcar com o traslado, Maria Cristina pensa em criar uma conta-doação até obter o valor suficiente para custear o transporte, estimado em R$ 21 mil. “Não vou aceitar enterrá-lo aqui porque ele é brasileiro”, disse.

Crime
Há quatro anos na Espanha, Odycleidson Moraes do Nascimento, conhecido como Kekeo, foi assassinado na casa em que morava, que pertence a um padre espanhol que o levou ao país. A mãe disse que ela e o filho foram enganados pelo padre, que conheceram em Salvador, e disse ter mulher e enteadas brasileiras.
O padre teria oferecido emprego ao jovem na Espanha e prometido que isso lhe daria um visto permanente em cerca de um ano: depois ele poderia voltar para o Brasil e trabalhar na Espanha no verão, quando é alta temporada. O brasileiro, no entanto, estava ilegal no país desde que chegou e tentava conseguir o visto por meio de um advogado.
“Na casa desse homem ele arrumava, limpava as coisas, descia para comprar comida para esse vagabundo. Ele fazia trabalho escravo, por uma dormida e por uma comida”, afirmou, se referindo ao padre Jaume Reixach. Ela diz que o filho trabalhava em um pizzaria para ter dinheiro.

Noiva espanhola
Segundo o jornal espanhol “El País”, Odycleidson teria sido morto a facadas por um filipino, que confessou o crime e disse ter matado o brasileiro por ele dizer que sua mulher e sua filha participavam de orgias na casa do padre. O filipino também teria sido trazido à Espanha pelo padre, há 18 anos, e afirmou que tinha relações sexuais com ele por dinheiro e que para isso, se drogava.
O bispado de Girona divulgou nota em que diz estar investigando o caso. O padre negou ter relações sexuais com o filipino e com o brasileiro, de acordo com o “El País”, mas livros e CD de pornografia gay teriam sido encontrados no apartamento.
A mãe de Kekeo diz que o filho “não levava uma vida de homossexual” e que ele chamava o padre de pai. O menino também tinha uma noiva na Espanha.
Ela e a amiga do filho, Seila Oliveira, dizem que Odycleidson e a noiva, que é espanhola e mora em uma cidade próxima, estavam juntos há dois anos. “Meu filho não tinha uma vida de homossexual. E se ele fosse, agora, nesse momento, não importaria, mas não vou deixar essa história ir longe”, disse.
Para Seila, que é de Goiânia e mora na Espanha há cerca de dez anos, Kekeo era uma menino “mais normal que os espanhóis”, carinhoso e meigo. Ela afirma que o caso surpreendeu a cidade, que é bastante calma, com muitos idosos e tem cerca de 40 mil habitantes.
“Você acha que uma pessoa ia ter relação sexual com outro homem como dizem que ele tinha e ter noiva, que vinha para cá, saía com ele, dormia com ele às vezes na casa? E depois ia chamar ele de pai. Só se ele drogasse o Kekeo”, contou Seila. (G1)

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