Embora com atraso, o Youtube anunciou nesta quarta-feira (29) que vai remover vídeos com informações falsas sobre quaisquer vacinas aprovadas por autoridades de saúde. Anteriormente, a plataforma já havia adotado posição semelhante sobre desinformação relativa aos imunizantes contra a covid-19. “Temos visto constantemente alegações falsas sobre as vacinas contra o coronavírus se transformarem em informações errôneas sobre as vacinas em geral. Estamos agora num ponto em que é mais importante do que nunca expandir o trabalho que começamos com a covid-19 para outras vacinas”, explica a empresa em comunicado.
“O YouTube não permite conteúdo que represente risco sério de danos graves, por meio da divulgação de informações médicas incorretas sobre vacinas atualmente administradas, que foram aprovadas e confirmadas como seguras e eficazes pelas autoridades de saúde locais e pela Organização Mundial da Saúde (OMS)”, diz a empresa. “Isso é limitado ao conteúdo que contradiz as autoridades de saúde locais ou as orientações da OMS sobre a segurança, eficácia e ingredientes da vacina”, acrescenta.
A empresa menciona no comunicado vários exemplos de conteúdos que não serão permitidos, como aqueles que alegam que as vacinas causam efeitos colaterais crônicos como câncer, diabetes, e outros efeitos colaterais. Também serão alvo os conteúdos segundo os quais os imunizantes não reduzem o risco de contrair a doença ou os que contêm substâncias que não estão na lista de ingredientes da vacina, como “matéria biológica de fetos (por exemplo, tecido fetal, linhas celulares fetais) ou subprodutos animais”.
Também serão deletados posts que afirmam que as vacinas contêm dispositivos destinados a rastrear ou identificar os que os receberam, que alteram dados genéticos das pessoas, causam autismo ou provocam infertilidade. O Youtube cita especificamente os conteúdos segundo os quais a vacina contra HPV provoca efeitos colaterais crônicos, como paralisia.
Em plena pandemia de covid-19, informações falsas e distorcidas contra vacinas não foram disseminadas apenas nas redes sociais pelo séquito negacionista de Jair Bolsonaro. Até mesmo senadores da República as espalharam durante o funcionamento da CPI da Covid. Em 27 de maio, por exemplo, durante a oitiva do diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, o senador bolsonarista Eduardo Girão (Podemos-CE) questionou o depoente usando uma informação falsa.
Ele quis saber de Covas sobre um “estudo feito na China” que, segundo o senador, apontava que a CoronaVac seria fabricada a partir de células extraídas de fetos abortados (veja o vídeo). O boato é antigo e falso, assim como o que apregoa que a “vacina chinesa” permitiria implantar microchips no organismo das pessoas, em outra fake news sobre o imunizante produzido pelo Instituto Butantan.
O processo de produção da CoronaVac nunca utilizou fetos humanos. A vacina é feita com o vírus inativado e replicado em células de rins de macacos – o processo não sacrifica os animais, nem os submete a sofrimento. Ao introduzir a questão, o senador governista estava apenas ecoando seu “chefe” Jair Bolsonaro, que atacou sistematicamente a “VaChina”, forma que ele e seus seguidores usavam para desqualificar o imunizante da farmacêutica Sinovac.
(Rede Brasil Atual)
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