Wallace Landim, o Chorão, presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava) e líder da greve dos caminhoneiros em 2018, acusa o agronegócio de financiar a paralisação de parte da categoria, que teve início na última quarta-feira (8), e que continua nesta quinta-feira (9), com o fechamento de diversas rodovias pelo país.
Perguntado, em entrevista ao Brasil de Fato, sobre quem estaria financiando a paralisação dos caminhoneiros, Chorão respondeu:
“Ficou muito bem claro, através do início do chamamento disso, o Antônio Galvan, que é o presidente da Aprosoja, temos várias informações, me parece que o Caruso, que é do Agro e está lá em Brasília".
"Existem vários representantes do agro lá em Brasília, nesse movimento de direita. Nós temos conhecimento que um movimento desse é caro, bancar esse movimento é caro. Nós, os transportadores autônomos não estamos bancando isso", enfatizou Chorão.
Antônio Galvan, presidente da Associação Brasileira de Produtores de Soja (Aprosoja), é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de ter financiado os atos antidemocráticos em defesa do presidente Jair Bolsonaro (STF), que ocorreram em Brasília na última terça-feira (7).
Alexandre de Moraes, ministro do STF, determinou, na última segunda-feira (6), o bloqueio das contas da Aprosoja Brasil e Aprosoja Mato Grosso. Galvan é presidente da primeira e ex-presidente da segunda.
Caruso, citado por Chorão, é o pecuarista Adriano Caruso, de São José do Rio Preto, interior de São Paulo, presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Bovinos e Bubalinos (ABEBB) e dono da Global Exports Live Catlle.
Em suas redes sociais, Caruso tem divulgado vídeos em Brasília, onde está desde a última segunda-feira (6). Em live realizada no dia 2 de setembro (ver vídeo), o pecuarista fez um apelo aos seus seguidores, para que fossem à capital federal e ajudassem a paralisar o país.
De acordo com Chorão, o “movimento é voltado para a direita e as pautas são o impeachment dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e o voto impresso”. A paralisação não teria, então, relação com as bandeiras do movimento, como a alta do diesel e a tabela do frete mínimo.
“Justamente isso que me deixa intrigado. Nós temos as pautas da categoria e agora vem uma pauta dessa, que é uma pauta com a narrativa de salvar o país e contra a democracia", lamenta.
"Eu não acho justo levantar o nome dos caminhoneiros e me coloquei contrário. Dentro do nosso segmento, que são mais de 1,6 milhão de transportadores, tem gente de esquerda, de direita, apartidário, enfim, não tem como levantar uma pauta dessa nesse movimento, somente as pautas da categoria".
(Brasil de Fato)
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