Mais de 2,3 milhões de brasileiros que estão no Cadastro Único (CadÚnico) do Governo Federal ainda não conseguiram ter acesso ao Bolsa Família.
Esse é o resultado do último levantamento sobre a fila de espera para o programa, realizado pela Câmara Temática da Assistência Social do Consórcio Nordeste, com registros até junho deste ano. A pesquisa foi divulgada hoje (26) pela coluna Painel, da Folha de São Paulo.
Do total de brasileiros na fila, 844.372 pessoas estão no Nordeste, 247.885 no Norte, 834.564 no Sudeste, 138.503 no Centro-Oeste e 205.941 no Sul.
“Veja que só no Nordeste são 844.372 famílias, não se trata de um número: são milhões de pessoas passando fome. Estamos falando de 2.271.265 famílias no Brasil nesta situação de encaminhar o pedido, ter o direito e não serem atendidas. É o país sonegando o pão de cada dia para mães e suas famílias”, declarou o presidente do Consórcio, o governador do Piauí Wellington Dias (PT-PI)
Para além da falta de vontade política em acatar os pedidos, o Governo Federal ainda cortou o benefício de milhares de beneficiários. Entre dezembro de 2020 e fevereiro de 2021, o Consórcio Nordeste constatou que a gestão de Bolsonaro tirou do programa 48.116 beneficiários apenas na região Nordeste. No Norte, foram 13.014 pessoas.
No início do ano, Dias chegou a enviar um ofício ao Ministério da Cidadania cobrando explicações pelos cortes, segundo ele feitos de forma desigual dentro das cinco regiões. No mês passado, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) apresentou ao Congresso Nacional a MP 1061, que cria os programas “Auxílio Brasil” e “Alimenta Brasil”.
O intuito é substituir, respectivamente, o Bolsa Família e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). A promessa do governo, sustentada pelos discursos populistas de Bolsonaro, é que o “Auxílio Brasil” tenha investimentos maiores que o Bolsa Família.
No texto apresentado, porém, não há qualquer informação sobre quantas famílias serão atendidas, quais os valores e como o programa será financiado. Hoje, o Bolsa Família alcança em torno de 14 milhões de brasileiros.
Caso o número de famílias acessando o principal programa social do Brasil diminua, a tendência é um agravamento ainda maior da situação da fome. É o que apontou Tereza Campello, ex-ministra do Desenvolvimento Social no governo Dilma, em entrevista recente ao Brasil de Fato.
Em 2014, ainda no governo Dilma Rousseff (PT), o Brasil chegou ao menor patamar de pessoas abaixo da linha da pobreza (4,5% da população), marca que retirou o Brasil dos índices que o colocavam no “Mapa da Fome” das Nações Unidas (ONU).
Atualmente, em meio à crise agravada pela pandemia da covid-19, quase 60% da população sofre com insegurança alimentar.
(Brasil de Fato)
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