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Crise hídrica: Risco de apagão iminente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste

 


De acordo com a economista Clarice Ferraz, pesquisadora do Grupo de Economia da Energia do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (GEE/UFRJ), os dados são “alarmantes” em relação à crise energética no país. 

No pior cenário, o ONS estima que podem faltar 1,4 Gigawatts (GW) de potência, em momento de pico, em novembro, resultando em possíveis blecautes. No entanto, se os reservatórios da região – que respondem por cerca de 70% da capacidade de armazenamento total do país – caírem para menos de 10% ainda em outubro, o apagão, com interrupções no fornecimento de energia no Sudeste, poderiam ocorrer já no mês que vem.

Os reservatórios do Sudeste/Centro Oeste estão com cerca de 17% da sua capacidade. Até o fim do mês, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) prevê que esses níveis devem chegar a 14,9%. Há cerca de duas semanas, as usinas de Ilha Solteira, no Rio Paraná, e Três Irmãos, no Rio Tietê, passaram a operar no volume morto. Além disso, outras três reservatórios operam com cerca de 10% da sua capacidade, entrando também em estado de alerta. Na última quinta-feira (23), o presidente Jair Bolsonaro sugeriu que as pessoas tomem banho frio e evitem elevadores. É mais um sintoma da crise energética, que deve se agravar nos próximos meses, elevando a possibilidade de apagão em algumas regiões.

Para a especialista, além da falta de investimento na geração e distribuição de energia, há graves distorções na concepção do sistema elétrico. Baseado no modelo de modicidade tarifária, o ONS “despacha” as fontes energéticas em ordem crescente de custos de produção. Primeiro, entram as usinas eólicas, concentradas principalmente no Nordeste. Na sequência, as hidrelétricas, que respondem por 65% da produção. No final da fila, as termelétricas movidas a gás natural, muito mais caras. No entanto, há exceções que impactam em custos ainda maiores para os consumidores.

Ainda que bem-intencionado, esse modelo, inspirado no sistema britânico, predominantemente baseado nas usinas térmicas, acabou contribuindo para o esvaziamento paulatino dos reservatórios das hidrelétricas. Além disso, as térmicas operam, na grande maioria, com demanda fixa. E precisam permanecer ligadas por longos períodos para terem seus custos reduzidos.

Em vista disso, o ONS, por vezes, é obrigado a despachar a energia das térmicas, chegando inclusive a “expulsar” das linhas de transmissão a produção eólica, mais barata. Em março deste ano, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou, inclusive, resolução normativa que indeniza os fornecedores eólicos que tiveram sua distribuição barrada pelo operador.

São essas falhas nos sistemas de operação e regulação, segundo ela, que fazem do Brasil o país com uma das maiores tarifas energéticas do mundo. “A gente paga pelo que consome e pelo que não consome, e também pelo que o outro deixou de ganhar. Por isso a tarifa é desse tamanho. Duplicamos custos o tempo inteiro”, lamentou.

(Brasil 247)

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