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A grande imprensa e os efeitos das reformas sobre os pobres

(Foto: Andressa Anholete)
 

A grande imprensa tem feito uma cobertura bastante crítica da gestão Bolsonaro. Apesar disso, ela é 100% chapa branca quando o assunto são as reformas. Isso não é uma novidade. A grande imprensa brasileira atua intensamente pela aprovação das reformas do governo federal. É uma campanha permanente que passou por todos os últimos governos.

Durante muitos anos as opiniões contrárias às reformas foram quase que completamente escanteadas do noticiário, enquanto se martelava na cabeça da população as maravilhas que ela traria ao país. A reforma da previdência do Temer, por exemplo, foi aprovada depois que um rolo compressor midiático sacramentou a ideia de que não haveria nenhuma outra saída para tirar o país da crise econômica. Com a de Bolsonaro, não foi diferente.

A sanha para cima dos direitos dos brasileiros é tão escancarada que nem precisaria haver estudos científicos para comprová-la. Mas há. Ainda em 2017, em meio ao debate sobre a reforma trabalhista, um estudo da Repórter Brasil revelou que jornais impressos e telejornais relegavam a segundo plano as perdas de direitos da CLT. Segundo a pesquisa, o jornal O Globo dedicou 88% do seu conteúdo sobre o tema para defender as reformas. O Jornal Nacional dedicou 77%, e o Jornal da Record, pasmem!, teve 100% do conteúdo alinhado aos interesses do Planalto. As opiniões de sindicatos e de acadêmicos contrários à reforma foram solenemente ignoradas, enquanto as dos consultores ligados às grandes empresas foram vendidas como verdade absoluta. Os editoriais, as colunas e até mesmo as reportagens apontavam as maravilhas da reforma trabalhista: modernização do trabalho, aumento da renda do trabalhador e geração de empregos. Hoje sabemos que nada disso aconteceu.

As reformas propostas por Bolsonaro contam com esse mesmo apoio frenético da mídia, que continua firme na intenção de calar as vozes contrárias. Um estudo recente, feito pela Universidade Autônoma de Barcelona, sobre o grau de pluralismo na grande imprensa brasileira demonstrou em números a campanha maciça da imprensa pela aprovação da reforma da Previdência de Bolsonaro.

A pesquisa conduzida pelo comunicador Luis Humberto Carrijo examinou examinados 196 editoriais, colunas e reportagens dos três maiores jornais do país (Globo, Folha e Estadão) entre fevereiro e julho de 2019. Desses textos, apenas 11 (5,6%) foram contrários à reforma: dez na Folha, um no O Globo e nenhum no Estadão. Os números mostram como o pluralismo da grande imprensa no Brasil é uma falácia. A opinião dos patrões é hegemônica, e as vozes dissonantes são sufocadas. 

(The Intercept Brasil / João Filho)

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