Diante da alta do preço dos alimentos no país, o consumo e a comercialização de produtos provenientes da agroecologia apontam para um caminho diferente de insegurança alimentar e nutricional, segundo Adriana Charoux, coordenadora da campanha “Agroecologia contra a Fome”, do Greenpeace Brasil, que distribui alimentos saudáveis para populações em situação de vulnerabilidade social.
De acordo com Charoux, em entrevista ao Brasil de Fato, a alta dos preços está diretamente relacionada ao agronegócio, que “privilegia muito mais a exportação à custa de um encarecimento brutal dos alimentos e de um aumento exponencial da fome da população brasileira”.
Em um ano, o “prato feito” subiu praticamente o triplo da inflação, segundo um levantamento feito por Matheus Peçanha, pesquisador e economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE): 22,57% no acumulado de 12 meses diante de 8,75% do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) no mesmo período. Nesta conta, entre os que tiveram uma alta no preço, estão arroz (37,5%), tomate (37,24%), carne bovina (32,69%), frango inteiro (22,73%), feijão preto (18,46%), ovos (13,5%) e alface (9,74%).
Paralelamente, o Brasil já é o quarto maior produtor de grãos do mundo, atrás somente da China, dos Estados Unidos e da Índia, e o segundo maior exportador dos produtos, sendo responsável por 19% do mercado internacional (Embrapa).
A alta dos preços não é uma causa raiz, mas é uma consequência direta desse modelo agropecuário hegemônico que está estabelecido no Brasil, que privilegia muito mais a exportação, a concentração de riqueza e o lucro na mãos de poucos à custa de encarecimento brutal dos alimentos, de um aumento exponencial da fome da população brasileira.
Esse modelo baseado na monocultura, na devastação da floresta e no uso intensivo e desigual da água já está colocando a gente numa situação de aprofundamento dos impactos climáticos. Para o agronegócio, a comida é mercadoria. Para a agroecologia, comida é vida, é alimento, a produção serve para alimentar, fortalecer os territórios. O Brasil mais do que nunca precisa de agroecologia.
(Brasil de Fato/ Anelize Moreira)
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