A ânsia na defesa de uma terceira via parece não atingir apenas a cena política nacional. Na Bahia, onde estão praticamente cristalizados os nomes de ACM Neto e Jaques Wagner na disputa pelo governo do Estado, há também um esforço reiterado de tornar viável um palanque inteiramente disponível para apoiar o presidente Jair Bolsonaro, forçado por uma via alternativa à dicotomia entre PT e DEM na Bahia ou numa espécie de empurrão forçoso para que ACM Neto se assuma enquanto bolsonarista. Até agora, nenhum desses dois caminhos parece palpável para a campanha eleitoral de 2022.
Logicamente, o entorno de Wagner jamais vai admitir escolher adversários, mas a presença de um Roma facilitaria inúmeros discursos contra ACM Neto. Então, o palanque bolsonarista beneficia Wagner tanto quanto a candidatura de Lula, a principal impulsão disponível até aqui, segundo as pesquisas de opinião.
A figura de Raíssa Soares, também conhecida como Doutora Cloroquina, ter percentual muito similar ao de Roma pode fazer com que o ministro seja rifado do processo. A fidelidade bolsonariana é tão autêntica quanto uma cédula de R$ 3, então seria bom o pernambucano colocar as barbas de molho (apesar do visual imberbe). Tal movimento facilitaria a vida de ACM Neto, já que um Roma traído emplacaria mais facilmente o discurso arrependido de um ex.
Por isso, o PT e seus companheiros deverão seguir pelo caminho mais lógico de tentar associar o ex-prefeito de Salvador ao presidente. A aposta da terceira via é possível, mas é mais didático jogar o DEM no colo do bolsonarismo - o que muitas vezes, inclusive, faz por merecer. Por isso, do lado de ACM Neto não seria tão absurdo os dedos cruzados para que aparece um outro nome para carregar o fardo Bolsonaro nas costas.
(Bahia Notícias)
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