Em artigo publicado em 2018 revelava proteção da PF aos bolsonaros, fato que Paulo Marinho confirma hoje
Em artigo publicado pelo DCM (Diário do Centro do Mundo) em 19 de dezembro de 2018, quando Queiroz tinha depoimento marcado no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. Na época, já chamávamos a atenção para a blindagem da família Bolsonaro pela Polícia Federal, fato que se confirma agora pela declaração do empresário Paulo Marinho.
Na época, ele ficou quieto, pois havia esperança de que participasse do condomínio bolsonarista. Seu amigo, Gustavo Bebianno, era apresentado como homem forte no Palácio do Planalto, com ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Logo depois que assumiu, caiu em desgraça. Paulo Marinho sabe muito, e tem obrigação contar tudo, sob pena de ficar desmoralizado. Segue o texto publicado na época:
Fabrício Queiroz, o ex-motorista de Fávio Bolsonaro, tem depoimento marcado para hoje no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. Se aparecer, não faltarão aos promotores perguntas para formular. O Coaf, órgão federal que investiga suspeitas de lavagem de dinheiro, detectou na conta do ex-assessor, que é policial militar, movimentação de 1,2 milhão de reais no período de um ano.
Nesse período, Queiroz assinou pelo menos um cheque, de 24 mil reais, que foi depositado na conta de Michele Bolsonaro, a esposa do presidente eleito. O policial militar trabalhava no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Além dele, trabalharam lá a mulher e duas filhas, Natália e Evelyn. Também foram lotados no gabinete do filho de Jair Bolsonaro o ex-marido da esposa do policial e a filha deste. Uma das filhas de Fabrício Queiroz deixou o gabinete de Flávio e foi para o gabinete do pai de Flávio, Jair Bolsonaro, antes que o escândalo estourasse. Queiroz e a segunda filha lotada no gabinete de Flávio foram demitidos em 15 de outubro, dois dias antes de ser deflagrada pela Polícia Federal a Operação Furna da Onça, que levou à prisão sete deputados estaduais do Rio, por movimentações suspeitas em suas finanças.
É uma história confusa e altamente suspeita, mas o que mais chama a atenção é a blindagem da família Bolsonaro. Por que Flávio Bolsonaro não foi sequer mencionado pela Polícia Federal durante a Operação Furna da Onça?
Como se sabe, o pai estava em campanha contra Fernando Haddad e seu principal discurso era o combate à corrupção. A descoberta do Coaf veio à tona depois que Jair Bolsonaro se elegeu e foi anunciada a transferência do Coaf do Ministério da Fazenda para o Ministério da Justiça sob o comando de Sergio Moro. No clã Bolsonaro, a movimentação bancária de Flávio Bolsonaro gerou diferentes reações. Flávio diz que as explicações devem ser dadas pelo ex-motorista.
“Quem tem que dar explicação é o meu ex-assessor, não sou eu. A movimentação atípica é na conta dele”, disse Flávio. O senador eleito se irritou com os repórteres que faziam perguntas sobre o assunto, durante a cerimônia do TRE do Rio em que foi diplomado senador eleito. “Deixa eu trabalhar, deixa eu trabalhar. Não tem nada de errado no meu gabinete”, afirmou. O presidente eleito não compareceu à cerimônia. Ele chegou a ser anunciado no evento do TRE, mas não apareceu, alegando razões médicas.
Com essa desculpa, Jair Bolsonaro repete a campanha, quando fugiu dos debates com Haddad alegando razões médicas, embora estivesse liberado pelos médicos que o operaram no Hospital Albert Einstein e o assistiram na recuperação. Um mês depois, estava em campo, na festa do Palmeiras pela conquista do Campeonato Brasileiro, e tentou até carregar o técnico Felipão, e apareceu com um menino montado nas suas contas.
Queiroz será cobrado pela movimentação atípica em sua conta bancária, mas quem deve dar explicações é a família Bolsonaro. Que poder tinha o motorista para receber tanto dinheiro em sua conta?
Mas a família de Bolsonaro fugirá sempre das questões mais delicadas, para continuar alimentando a farsa de que o pai sempre combateu a corrupção. Para que a farsa não seja desmontada, o silêncio do ex-motorista vale ouro. Ele vai assumir sozinho a conta pelo que, ao que tudo indica, representa desvio de dinheiro público?
Ou é normal que funcionários da Assembleia Legislativa lotados no gabinete de um deputado estadual depositem dinheiro na conta de outro servidor?
Fonte: DCM
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