Pacientes com suspeita de portar o coranavírus pagam custos de quarentena forçada pelo governo dos EUA
Foto: Arquivo Pessoal |
Dezenas de norte-americanos estão sendo trazidos da China, país aonde residem, após serem detectadas suspeitas de portar o coronavírus. Mas a conta do programa de quarentena forçado pelo governo dos Estados Unidos deve ser pago pelos próprios supostos infectados.
É o que mostra reportagem do The New York Times, intitulada “Coronavírus: as contas médicas surpresa”. É o caso de Frank Wucinski e sua filha de 3 anos, Annabel, que vivem na China, aonde está sua esposa em quadro suspeito de Coviv-19, foram trazidos de volta ao país.
Mas antes de trazer o pai e a filha, o governo dos EUA os obrigou a um sistema de quarentena, passando por hospitais durante duas semanas. Ao chegar em Harrisburg, na Pensilvânia, cidade natal de Frank Wucinski, ele se depara com uma pilha de contas médicas para pagar, totalizando quase 4 mil dólares de encargos hospitalares, médicos, radiologistas e ambulâncias.
“Supus que tudo estivesse sendo pago”, disse Wucinski. “Não tivemos escolha. Quando as contas apareceram, era apenas uma coceira no meu estômago, como ‘Como eu pago por isso?'”, narrou ao NYT.
O cenário já é algo comum para o tratamento de saúde nos Estados Unidos. Mas tampouco para a situação emergencial do combate ao coronavírus, o governo de Donald Trump abre exceção. Por outro lado, está a contradição do isolamento forçoso determinado pelo Estado, que deixa os pacientes sem outra saída, obrigando-os a pagar por esse custo.
E a brecha legal permite tal medida: “O governo federal tem autoridade para colocar em quarentena e isolar pacientes, se considerarem uma ameaça à saúde pública. Esses poderes legais, que datam dos surtos de cólera entre os passageiros dos navios no final do século 19, raramente são usados. Mas não dizem nada sobre quem paga quando o isolamento ocorre em uma instalação médica não governamental – ou quando são trazidos para lá por uma empresa de ambulância particular.”
De acordo com o professor de direito global da saúde na Universidade de Georgetown, Lawrence Gostin, existe a brecha legislativa, que quase nunca foi usada nos tempos modernos.
“A regra mais importante da saúde pública é obter a cooperação da população”, disse o especialista, lembrando que também “existem razões legais, morais e de saúde pública para não cobrar dos pacientes.”
O jornal norte-americano entrou em contato com o porta-voz do Centro de Controle e Prevenção de Doenças, que negou comentar se o governo pagará as contas dos pacientes de isolamento obrigatório.
(GGN)
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