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Na falta de uma vacina e de antivirais específicos para tratar o novo coronavírus, pesquisadores em todo o mundo têm investigado desde o início do ano se drogas já existentes podem também atuar contra a covid-19. Uma das candidatas é a cloroquina, usada há 70 anos contra a malária, e a hidroxicloroquina, um derivado menos tóxico da droga.
Testes feitos por chineses e sul-coreanos e avaliações posteriores conduzidas por pesquisadores de outros países mostraram que as drogas são efetiva em limitar a replicação do novo coronavírus in vitro. E foi observada uma melhora em pacientes que receberam cloroquina nos dois países asiáticos.
Uma carta escrita por pesquisadores das Universidades Stanford e Columbia destaca que os pacientes que receberam a medicação tiveram um "certo efeito curativo", com "boa eficácia". Houve melhora na febre, nas imagens do pulmão e eles precisaram de menos tempo para se recuperar do que grupos que não receberam a medicação.
Um outro trabalho, divulgado por pesquisadores franceses nesta terça, 17, analisou o efeito da hidroxicloroquina sozinha em 20 pessoas contaminadas e um combinado da droga anti-malária com a azitromicina, um antibiótico tradicional, em outras 6 pessoas.
O primeiro grupo teve uma redução da carga viral após 6 dias, e o segundo houve eliminação do vírus. Um resultado promissor, mas ainda obtido em poucas pessoas, o que demanda mais testes.
Diante dos resultados da cloroquina, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se precipitou nesta quinta-feira, 19, em dizer que a droga tem o potencial de "virar o jogo" do coronavírus. "Resultados iniciais se mostraram muito encorajadores e vamos ser capazes de tornar a droga disponível quase imediatamente", disse o americano, para acrescentar na sequência que ela já tinha sido aprovada para esse uso pela agência de drogas dos EUA, a FDA.
O diretor da agência, Stephen Hahn, porém, que estava ao lado de Trump, foi mais contido. Ele explicou que várias estratégias estão sendo testadas e disse que está considerando administrar cloroquina a grandes de pacientes com coronavírus como parte de um "uso expandido" de um programa de testes clínicos, o que poderia permitir ao FDA coletar dados para medir se a substância de fato funciona.
Como é uma droga que já tem outro uso aprovado, o cronograma de testes clínicos seria mais simples, o que poderia levar a uma aprovação de uso mais rápida do que testar uma droga nova do zero.
Logo após o anúncio, a Bayer, fabricante de um medicamento à base de cloroquina ainda não aprovado pela FDA, doou 3 milhões de tabletes ao governo americano para potencial uso contra o coronavírus.
Ao longo dos anos, a cloroquina passou a ser menos usada porque o Plasmodium falciparum, um dos causadores da malária, desenvolveu uma resistência à droga. E foram relatados casos de envenenamento e morte por overdose da cloroquina. A hidroxicloroquina, por outro lado, é cerca de 40% menos tóxica.
(Terra)
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