MARCOS BELLO/REUTERS |
As diferentes reações do presidente Jair Bolsonaro à ameaça do novo coronavírus têm sido alvo de uma série de críticas.
Leia, a seguir, sobre 4 momentos que resumem a reação de Bolsonaro à pandemia de coronavírus.
A viagem aos Estados Unidos
No dia 10 de março, em um discurso feito a apoiadores em Miami, Bolsonaro afirmou que a "questão do coronavírus" não era "isso tudo" e que se tratava muito mais de "fantasia".
Dois dias depois, o secretário de comunicação do Planalto, Fabio Wajngarten, foi diagnosticado com covid-19. Desde então, pelo menos 17 integrantes da comitiva que viajou com o presidente aos EUA testaram positivo para a doença.
Os mais recentes foram o general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional e um dos membros do alto escalão mais próximos do presidente, e o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
Os exames do presidente
Os testes realizados pelo próprio presidente acabaram gerando polêmica quando, na manhã do dia 13 de março, a emissora americana Fox News divulgou que o deputado Eduardo Bolsonaro havia confirmado que o primeiro exame do pai havia dado positivo para o novo coronavírus e que ele aguardava a contraprova.
Poucos minutos depois, Eduardo desmentiu a informação em um tuíte e, na sequência, o presidente divulgou em suas redes sociais que o resultado havia dado negativo com uma foto em que fazia um gesto obsceno e criticava a imprensa - que, segundo ele, havia divulgado informações falsas.
Fontes da rede Fox News, conhecida por ter posicionamentos mais alinhados aos do presidente americano, Donald Trump, declararam à imprensa brasileira que a informação havia sido passada por um porta-voz de Eduardo Bolsonaro por WhatsApp e que o deputado havia confirmado por telefone.
Os protestos contra o Congresso e o STF
Mesmo antes de ter recebido o resultado de seu segundo exame, o presidente decidiu cumprimentar manifestantes que se aglomeravam na frente do Palácio do Planalto durante protestos contra o Judiciário e Legislativo.
Em entrevista, Bolsonaro se justificou afirmando que muita gente "vai pegar mesmo a doença, mais cedo ou mais tarde", e que não poderíamos entrar em "uma neurose como se fosse o fim do mundo".
A atitude foi condenada pelos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre.
A primeira morte confirmada no Brasil
Quando a primeira morte por covid-19 foi confirmada no país, na terça (17/03), Bolsonaro mais uma vez disse ver "histeria" em relação ao novo coronavírus e criticou as medidas que vinham sendo tomadas por governadores de diferentes Estados - cancelamento de eventos, fechamento de escolas -, sob a justificativa de que eles irão prejudicar muito a economia.
SERGIO LIMA/AFP |
O tom mudou, entretanto, no fim do dia.
Pouco depois da realização de panelaço em algumas cidades - como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife -, o governo federal pediu ao Congresso que reconhecesse estado de calamidade pública até o fim do ano.
Essa medida flexibiliza as regras da Lei de Responsabilidade Fiscal, permitindo que o governo gaste mais e, por exemplo, descumpra a meta fiscal estabelecida para 2020.
Segundo o Planalto, ela seria necessária para proteger a saúde e os empregos e lidar com um cenário de provável queda da arrecadação de municípios, Estados e da União.
(BBC Brasil)
(BBC Brasil)
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