Um presidente que protagoniza o espetáculo de hoje pela manhã na porta do Alvorada, quando Jair Bolsonaro saiu acompanhado de um humorista com a faixa presidencial para distribuir bananas aos jornalistas, não se leva a sério. Não leva a sério os problemas nacionais como o crescimento pífio do PIB, não leva a imprensa a sério (o que já sabíamos), não leva a sério os 58 milhões de votos que lhe deram o mandato.
Ficou claro que Bolsonaro organizou o show para escapar a perguntas constrangedoras sobre o PIB de seu primeiro ano de governo, anunciado hoje em 1,1%, menor ainda do que os 1,3% de Michel Temer e muito distante dos prometidos 3% anunciados no início do governo. Entrou na onda do nonsense com o humorista emprestado pela TV Record e, ao ser indagado, retrucou: “O que é PIB?”. E jogou o assunto no colo do Posto Ipiranga.
O anúncio de hoje do IBGE coloca em número fechado os dados e impressões dos últimos meses, e torna mais concretos ainda os medos do mercado e do PIB. Dificilmente o Planalto conseguirá convencer o país de que a culpa pelo mau desempenho da economia brasileira é do coronavírus, ou da disputa comercial entre China x Estados Unidos e outras condições externas.
O problema é que quem nomeou – e poderá até demitir – Paulo Guedes foi Jair Bolsonaro, e as consequências da dificuldade de fazer a economia voltar a crescer recairão sobre seu governo. O máximo que Guedes tem a perder é o emprego estressante que tem hoje. Voltará à vida no mercado financeiro e nos negócios. Já Bolsonaro, candidato à reeleição, sabe que não chegará lá a bordo desse pibinho.
O responsável tem nome, endereço fixo e atende no balcão do Palácio do Planalto: é Jair Bolsonaro, que talvez neste momento esteja rindo para não chorar.
Do DCM/ Helena Chagas
Do DCM/ Helena Chagas
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