Foto: Reprodução / Redes Sociais |
Finalmente um episódio de racismo institucional envolvendo a Polícia Militar da Bahia teve uma reação adequada. Não foi a primeira e nem será a última vez em que veremos policiais usando prerrogativas de “autoridade” para atacar um jovem negro. E aquele agente que aparece no vídeo é a ponta do iceberg de um problema crônico que afeta todo o Estado brasileiro. Estamos despreparados para lidar com o racismo. E fingimos viver numa democracia racial.
O vídeo tomou as redes sociais e provocou uma resposta imediata do governador Rui Costa. Logo no começo da manhã, Rui publicou nas redes sociais que a violência contra o jovem é “inaceitável”. Segundo o governador, o policial responderá pelos atos – ou seja, sofrerá algum tipo de punição. É o mínimo a ser feito. Porém precisamos ter a noção que ali não é um caso isolado. O garoto negro com black power virou símbolo por ter sido filmado. Mas são milhares de jovens que passam por situações similares e são obrigados a conviver com o silêncio conivente de quem deveria protegê-los.
Quando situações como essa, registrada no Subúrbio Ferroviário, ganham espaço na mídia, há uma discussão sobre a desmilitarização da polícia. É uma questão complexa e que nunca é efetivamente discutida. Sempre cercada por preconceitos, a polícia é algoz e vítima desse sistema que atinge, principalmente, pessoas em condição de vulnerabilidade social e econômica. Boa parte dessa população é negra, mas ainda assim muitos insistem em negar o racismo.
O governador Rui Costa tem uma tendência militarista. Ele é simpático ao modelo, tanto que a primeira declaração polêmica dele envolveu exatamente uma operação policial, quando 12 pessoas morreram no Cabula. À época, Rui comparou policiais a artilheiros na marca de pênalti quando em situações de estresse. Foi infeliz e até hoje a aspa não foi esquecida por defensores dos direitos humanos. Enquanto o discurso institucional seguir com uma tônica similar, não serão raros os momentos em que a base da pirâmide vai seguir cometendo abusos – ainda que sejam rechaçados depois.
Precisamos discutir o papel e as abordagens feitas pela polícia. Precisamos debater o racismo estrutural que acomete o estado brasileiro como um todo. E precisamos, todos, exigir que o Brasil avance nessa discussão para que novos casos não surjam. Sob o risco de ficarmos assistindo a cenas lamentáveis como a do vídeo e termos a sensação de que nunca faremos o necessário para acabar com esses ataques. É da vida – e da morte – de jovens que estamos falando. Às vezes parece que alguns se esquecem disso. Assista:
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