Marina Silva fala em conferência nos EUA. LPINFOCUS (DIVULGAÇÃO) / el pais. |
Um evento dos alunos brasileiros de Harvard e do MIT (The Massachusetts Institute of Technology), duas das universidades mais caras e com mais prestígio do mundo, transforma a cidade de Cambridge, em Massachusetts, nos EUA, em espécie de capital do establishment político brasileiro nesta sexta-feira e sábado. Com o objetivo ousado de reunir no mesmo espaço _e até na mesma mesa_ personalidades políticas, empresários, artistas, pensadores e ativistas de vários matizes, os organizadores tentaram variar os temas, mas acabaram vendo a crônica crise política brasileira dominar o debate.
Coube a Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente dos governos petistas e ex-candidata presidencial, abrir a terceira edição da Brasil Conference at Harvard & MIT, em um painel sobre sustentabilidade aconteceu. Em um dos prédios do MIT, com vistas para rio Charles e arranha-céus da região, Marina manteve a defesa de um projeto de baixa emissão de carbono como saída para o desenvolvimento sustentável, mas não conseguiu escapar do bombardeio de perguntas sobre a cena política, que vieram tanto da plateia como das redes sociais. "A Lava Jato é uma das coisas mais importantes que está acontecendo depois da reconquista da democracia. Se não podemos condenar a priori, não podemos inocentar a priori", disse ela. "A Lava Jato está fazendo uma reforma política na prática".
Quanto à proposta de reforma política em discussão no Congresso, a ex-senadora, agora na Rede, foi duríssima. Disse que se trata de uma "aberração". Criticou a lista fechada para eleição legislativa, que é quando o eleitor escolhe um grupo de candidatos pré-definidos pelos partidos, porque o formato, segundo ela, dá ainda mais poder aos "caciques" das legendas e afasta ainda mais o eleitor.
Derrotada nas duas últimas campanhas à presidência da república (2010 e 2014), Marina evitou ser taxativa sobre 2018. "Não tenho como projeto de vida ser presidente. Tenho como projeto de vida que o Brasil seja um país melhor pra se viver".
Dilma e Sérgio Moro
O discussão sobre a reforma política seguiu no evento, em painel que reuniu o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Gilmar Mendes, e o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo. Antes de sua participação, Mendes falou aos jornalistas defendendo que a reforma política seja aprovada antes de 2 de outubro para já valer nas eleições de 2018. Vamos para a eleição de 2018, que é uma eleição grande, sem modelo específico. "Só com doação das pessoas físicas, que no Brasil não tem tradição, e muito provavelmente vamos ficar entregues ao crime organizado, a pessoas que já trabalham no ilícito ou a algumas organizações que têm modo próprio de financiamento", disse ele. O presidente do TSE também defendeu o andamento da ação que julga a chama Dilma Rousseff-Michel Temer, de 2014, e que pode levar à cassação do peemedebista. Ele disse que a Justiça eleitoral é "célere" e afirmou que, independentemente do resultado, a ação promoverá uma reforma nas práticas políticas. "É talvez a decisão mais grave com a qual se defrontou o tribunal, senão a mais grave da sua história, e o tribunal terá que ter noção de suas responsabilidades", disse.
Com a temática "diálogo que conecta", a organização, que conta com o patrocínio da Fundação Lemann, do bilionário João Paulo Lemann (ele também será palestrante), e outras empresas, os estudantes brasileiros colocaram na mesma mesa o vereador Eduardo Suplicy (PT) e o filósofo Olavo de Carvalho, ícone conservador no Brasil. Neste sábado, agora em instalações de Harvard, também em Cambridge, o evento receberá a ex-presidenta Dilma Rousseff e o juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, falarem. Não sentarão na mesma, porém. Eles serão entrevistados em sessões distintas.
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