O senador disse que a “a visão liberal que repousa no Congresso Nacional se transforma no suporte decisivo do impedimento da presidenta da República”. |
“O meu voto, que declaro agora, é contra a besteira monumental, a asneira do impeachment da Presidenta da República nesse momento”, disse o senador Roberto Requião (PMDB-PR), em seu discurso na sessão que analisa a admissibilidade do pedido de impeachment da presidenta Dilma, nesta quarta-feira (11), no Senado. Segundo o senador, o que ocorre é um “’referedum revogatória’ por parte do Congresso Nacional e como tal não está previsto na nossa Constituição.
O senador disse que a “a visão liberal que repousa no Congresso Nacional se transforma no suporte decisivo do impedimento da presidenta da República”, acrescentando ser evidente que crime de responsabilidade não ocorreu e se tivesse ocorrido, teria sido em 16 estados, inclusive o estado do relator, senador Antônio Anastasia, do PSDB de Minas Gerais.
Requião disse que as “pedaladas fiscais” “não se constitui a não ser um artifício contábil, prática consolidada feita por muitos presidentes da República.” E lamentou a quebra de processo democrático que se consolida nos últimos anos. Além de manifestar preocupação em um processo sem esperança, porque, segundo ele, ao contrário dos senadores inocentes, não existe alternativa de sucesso no impeachment.
“O Michel Temer assume, mas suportado por ideias na Ponte para o Futuro, que são ideias vinculadas a utopia neoliberal, de aumentar a idade para aposentadoria”, exemplificou o senador, citando o caso do estado do presidente do Senado, Renan Calheiros – Alagoas – onde a expectativa de vida é de 65 anos e oito meses e o trabalhador teria então apenas a garantia de oito meses de aposentadoria.
Proposta neoliberal
Requião foi incisivo ao criticar o presidente de seu partido, e vice da República, Michel Temer, por apresentar um programa de “soluções neoliberais” com o projeto de governo Ponte para o Futuro. “Toda a proposta arquitetada pela assessoria de Michel Temer é uma proposta neoliberal que fala em cortes. É a mesma proposta que desgraçou a Europa, trouxe a crise à Itália, à Espanha e liquidou a Grécia”.
O senador deixou claro que as soluções apresentadas por Michel Temer estão fadadas ao fracasso, assim como aconteceu na Europa que hoje enfrenta uma das maiores recessões dos últimos anos. “Em 2010 quando a Grécia usou esta fórmula que está proposta agora para o Brasil, privatizaram tudo, fizeram cortes na saúde, na educação, na previdência, liquidaram aposentadorias”.
O senador defende a retomada do desenvolvimento nacional e o fortalecimento do mercado interno, não uma abertura desenfreada para o capital estrangeiro. Defende que o caminho está em cada partido elaborar e apresentar seu programa de desenvolvimento a fim de ser posto em votação popular, por meio de referendo ou de novas eleições. “Este sonho de abertura foi o que desgraçou a Europa. Temos que construir um projeto de nação”.
O governo de Dilma também foi alvo de críticas de Requião, porém, críticas construtivas que ele ressaltou ter feito sempre, ao longo de seu mandato como senador. Segundo ele, “advertiu” os colegas parlamentares sobre os rumos que o país tomava e sobre a recessão que estava por vir. Acredita que a “pouca habilidade para lidar com as coisas da República” da presidenta foram cruciais, mas é enfático ao defender a continuidade da democracia.
Para o senador, não é interrompendo o mandato da presidenta eleita democraticamente que a crise econômica e política será resolvida. “Eu vejo o desastre se aproximando porque ninguém concerta esse país com o neoliberalismo que arrasou a Europa”.
Veja parte do discurso:
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Do Portal Vermelho.
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