Em ato emocionante e repleto de alegria, a presidenta Dilma Rousseff recebeu nesta terça-feira (19) diversas flores de mais de mil mulheres que promoveram um “abraçaço” ao Palácio do Planalto como forma de demonstrar apoio à presidenta e resistência ao golpe. O ato foi tão contagiante que Dilma decidiu descer a rampa do palácio e foi receber pessoalmente as flores.
Os cantos e palavras de ordem de apoio serviram como uma resposta às declarações e insultos machistas proferidos por deputados que votaram pela abertura do processo de impeachment na Câmara no último domingo (17), que agora está no Senado.
As mulheres, das mais diversas idades, origens e condições sociais, chamaram Dilma de “guerreira”, criticaram o apoio da Rede Globo à ditadura e ao golpe, pediram que a presidenta permanecesse no cargo (#FicaQuerida) e mandaram um recado aos senadores: “Mulheres na rua, a luta continua”.
A manifestação se iniciou por volta das 18h30 com dezenas de pessoas que foram chegando até o momento em que houve a necessidade de fechar o trânsito da pista em frente ao Palácio do Planalto. Pouco depois do início, a Polícia Militar do Distrito Federal avaliava em cerca de 500 o número de pessoas presentes. No auge do ato, cerca de 2.000 pessoas cantavam e, com flores na mão, chamavam por Dilma. Às 19h20, a presidenta apareceu na janela do Palácio para a empolgação das pessoas presentes. E, às 19h36, Dilma desceu a rampa e foi ao encontro das mulheres, cumprimentando-as e recebendo as flores que levaram.
Ana Luzia Reis, 58 anos e advogada, que passou boa parte da manifestação ajudando a organizar a concentração de pessoas, disse que o ato revela que há “força nas ruas” a favor de Dilma. “Estou aqui porque eu mesma já sofri muita humilhação porque defendi a democracia. Ouvi dizera que era ladra, vagabunda. E Dilma já sofreu muita violência”, disse.
“Segurança é manter a Dilma”, avalia Malvina Joana de Lima, de 64 anos. Aposentada e negra, ela conta que já trabalhou com a senadora Marta Suplicy (PMDB-SP), eleita pelo PT em 2010, e que foi exonerada porque não aceitou sua filiação ao PMDB. Perguntada se vai enviar algum recado para a senadora votar contra o impeachment, respondeu: “Meu recado para ela foi o Supla quem deu”. Segundo Supla, “Cunha, Temer ou Renan também estão cheios de acusações, como eles podem querer tirá-la?”.
A aposentada Cely Bertolucci, de 67 anos, foi de muletas ao ato. Ela considera um “absurdo” o que estão fazendo com Dilma, “com a democracia e com o Brasil”. E afirmou que está surpresa com o senador Cristovam Buarque (PPS-DF), por ter afirmado que irá votar pelo impeachment. “Votei para governador e senador nele [Cristovam]”, contou. “Tenho reclamado muito no facebook dele, porque está usando um argumento estarrecedor para votar a favor.”
A jovem bacharel de Relações Internacionais na Universidade Católica de Brasília Cyntia Miranda, 23 anos, afirmou estar confiante de que Dilma será absolvida das acusações no Senado e que as ruas estão revelando que há apoio popular contra o golpe. “O ato de hoje é uma mostra de que o Brasil não está unânime pela saída dela. Estamos na rua para mostrar que não tem crime de responsabilidade e que tem muita gente em defesa da Dilma e contra o golpe”, disse com um sorriso aberto no rosto.
Por Camilo Toscano, da Agência PT de Notícias
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