Presidente do Brasil: Dilma Rousseff |
Da REUTERS
Nova York - A presidente Dilma Rousseff negou nesta segunda-feira qualquer irregularidade em sua campanha eleitoral e disse não respeitar delatores, depois que a imprensa divulgou que o dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, teria afirmado em sua delação premiada, no âmbito da Operação Lava Jato, que deu dinheiro à campanha da petista.
A presidente disse a jornalistas durante visita a Nova York que todos os recursos arrecadados por sua campanha foram legais e registrados e afirmou não aceitar que insinuem qualquer irregularidade contra ela ou sua campanha eleitoral.
"Eu não respeito delator", declarou a presidente aos jornalistas. "Até porque, eu estive presa na ditadura e sei o que é. Tentaram me transformar em uma delatora... Eu garanto para você que eu resisti bravamente", disse Dilma, sobre o período em que foi presa e torturada durante o regime militar.
Dilma defendeu que a Justiça investigue todas as informações dadas por Pessoa, mas disse não aceitar "jamais" que insinuem irregularidades em relação a ela.
"A minha campanha recebeu dinheiro legal, registrado... Na mesma época que eu recebi os recursos, pelo menos uma das vezes, o candidato que concorria comigo recebeu também, uma diferença muito pequena de valores, eu estou falando do Aécio Neves", completou a presidente.
"Eu não aceito e jamais aceitarei que insinuem sobre mim ou sobre minha campanha qualquer irregularidade", acrescentou Dilma, afirmando ainda que nunca encontrou Pessoa.
Na sexta-feira, a imprensa divulgou que, em seu processo de delação premiada, Pessoa entregou ao Ministério Público uma lista de políticos que teriam recebido dinheiro da UTC Engenharia proveniente de propinas pagas para obtenção de contratos com a Petrobras.
Na ocasião, o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, que foi tesoureiro da campanha de Dilma em 2014, emitiu nota afirmando que a campanha da petista recebeu 7,5 milhões de reais em doações da UTC Engenharia, que foram legais e registradas junto à Justiça Eleitoral.
Em entrevista coletiva no sábado, o ministro voltou a comentar o assunto e questionou o fato de doações feitas pela empreiteira a outros candidatos não terem recebido o mesmo destaque dado aos recursos destinados à campanha petista e viu vazamento seletivo nas informações divulgadas sobre a delação de Pessoa.
A Lava Jato investiga um esquema bilionário de corrupção na Petrobras em que empreiteiras formaram um cartel para obter contratos de obras da empresa. Em troca, pagavam propina a funcionários da estatal, a operadores que lavavam o dinheiro do esquema, a políticos e partidos.
Pessoa, que fez acordo de delação premiada em troca de redução da pena, é apontado pelo Ministério Público como o chefe do clube de empresas que cartelizavam as licitações da Petrobras.
Comentários