Em conversa com os jornalistas, os profissionais negaram que tenham vindo ao País obrigados pelo governo cubano e falaram em “solidariedade”. Na saída para o saguão do terminal, ouviram palavras de ordem como “cubano amigo, Brasil está contigo” e agradecimentos pela aceitação a integrar o projeto. Uma das médicas chegou a chorar e disse que vir ao Brasil era uma ocasião “muito emocionante”. De acordo com Ivette López, não é verdadeira a acusação de setores ligados a partidos e organizações oposicionistas sobre uma suposta obrigação do regime da Ilha em vir ao País. “Não é certo (a sugestão de obrigação). Não é verdade. Nós viemos aqui somente por solidariedade. Igual em outros países quando trabalhamos”, negou. A médica defendeu que os profissionais cubanos que chegaram à Bahia têm larga experiência em atendimento em outros países e continentes e que o objetivo do grupo é a ajudar o povo, enquanto a remuneração é um assunto de importância menor. “Não há preocupação com quanto vamos ganhar ou a bolsa. Esta não é a preocupação. Nós viemos aqui só por solidariedade”, disse. Emilio Vital, um dos três médicos escolhidos pelo governo da Bahia para conversar com os jornalistas no aeroporto, disse que todos os colegas que vieram manifestaram a vontade de trabalhar em solo brasileiro. Ele também tem consciência de que as condições de trabalho não serão ideais e, por isto, disse não ver problema na impossibilidade de trazer familiares ao país.
Treinamento
Os profissionais caribenhos serão enviados para 22 municípios da Bahia considerados de extrema pobreza para trabalhar em unidades de saúde básica. Segundo o secretário estadual de Saúde, Jorge Solla, todas as unidades estão equipadas, porém sofrem com a ausência de médicos. Muitas delas, ele afirma, já têm equipes técnicas e de enfermeiros, mas ainda não o médico responsável. Haverá três semanas de avaliação dos profissionais, com cursos de língua portuguesa, adaptação ao Sistema Único de Saúde (SUS) e à realidade do interior baiano. O secretário reforçou ainda que, apesar da chegada dos cubanos via Mais Médicos, o governo da Bahia tem convênios com a Organização Pan-Americana de Saúde que traz médicos de outras nacionalidades para trabalhar na Bahia. Solla criticou também os detratores do projeto e disse que “quem é contrário a esse programa (Mais Médicos) é contrário à saúde pública brasileira, é contrário à população mais excluída”.
“Se você for ver quem são esses municípios, são populações que moram em regiões de maior distância da capital, dos centros urbanos. Nós fizemos investimentos em três governos para fazer mil postos de saúde, equipados e com equipe. Infelizmente o número de médicos não cresceu na mesma proporção e esse reforço é fundamental. O Brasil não é o primeiro País (a aceitar médicos cubanos). São mais de 60 países que recebem profissionais médicos de Cuba através de convênios de cooperação com resultados muito positivos.”
(terra)
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