O jovem baiano que pesava 280 kg foi enterrado na manhã deste domingo (24), no Cemitério de Serrinha, cidade distante cerca de 174 km de Salvador. Bastante emocionada, a mãe de Francisco Aráujo Júnior, dona Maria Aurizete, informou ao G1 que se despediu do filho por volta das 10h, no sepultamento. O jovem tinha 23 anos e sofria de obesidade mórbida, causada pela síndrome Prader-Willi, que gera apetite excessivo. Ele morreu na noite de sexta-feira (21), no Hospital Roberto santos, em Salvador, onde passava por tratamento para curar uma pneumonia. O paciente deu entrada na unidade médica na madrugada de terça-feira (19) e foi encaminhado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A assessoria da unidade de saúde informou o falecimento do rapaz na tarde de sábado (23). No mesmo dia o corpo de Francisco foi levado para Serrinhacidade natal de Francisco do jovem. Ele foi velado na Câmara de Vereadores do Município.
Tratamento
Segundo a mãe de Francisco, ele começou a engordar aos nove anos de idade. "Até aí era tudo normal. Ele começou a engordar como todas as crianças, mas aos 12 anos ele já era muito gordo, muito mais do que os colegas. Eu achei tudo isso estranho porque quando pequenino ele era muito magrinho, ninguém nem esperava vida nele. Ele não tinha força nem para puxar o leite", disse. Francisco vivia em Serrinha com a mãe, o pai e uma irmã, portadora de síndrome de down. Depois de ter sido internado na capital para tratar a obesidade, ele retornou ao interior no dia 20 de dezembro de 2012 para tentar perder peso e poder agendar a cirurgia de redução do estômago. O jovem foi internado no dia 22 de novembro de 2012. Ele saiu da UTI e foi transferido para um quarto do Hospital Roberto Santos no dia 3 de novembro. De acordo com a unidade de saúde, o jovem foi curado das infecções que apresentava quando deu entrada no hospital e, por isso foi prescrito que ele desse continuidade ao tratamento contra a obesidade mórbida em casa. No dia 30 de novembro de 2012, Osmário Salles, chefe do setor de endocrinologia do Hospital Geral Roberto Santos, disse que o jovem teria que colocar um balão intragástrico antes de ser submetido a uma cirurgia bariátrica, de redução de estômago. No entanto, o jovem se recusou a realizar o procedimento.
Síndrome
Segundo Osmário Salles, chefe do setor de endocrinologia do Hospital Geral Roberto Santos, a síndrome que o jovem possui é rara e pode ser identificada enquanto o feto ainda está na barriga da mãe. "Os obesos tem uma causa endócrina ou uma causa genética para a sua obesidade. O nosso paciente tem a principal síndrome da obesidade associado à genética. Se fizer o ultrassom, são aqueles fetos com pezinho pequeno, mãozinha pequena. Quando nasce, é uma criança extremamente hipotônica, com fraqueza, com dificuldade em sugar o seio da mãe", explicou. O especialista acrescentou que crianças com esse tipo de problema, quando atigem a idade de dois ou três anos, começam a apresentar apetite excessivo por conta da doença e passam a engordar de maneira acelerada. "Elas não param de comer. Além disso, elas têm uma fraqueza muscular intensa. Essas crianças desenvolvem atrofia muscular muito grande, osteoporose, má formação esquelética, baixo QI [quociente de inteligência]. Esses pacientes dificilmente passam dos 40 anos", apontou. As pessoas com esse quadro dificilmente conseguem ter uma vida normal, informou o médico. "Não pode engordar, porque depois que engordar é extremamente difícil fazer perder peso. A obesidade é considerada a doença mais difícil da medicina. É a doença que mais mata. É um problema muito sério, associado a problemas cardiovasculares. O sistema de saúde e o governo deveriam intervir de forma mais pesada porque nós temos uma epidemia no mundo", avaliou.
(G1)
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