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Em busca da classe C, Fátima Bernardes tropeça na estreia de seu 'Encontro'


Tradicionalmente uma bandeira levantada pela emissora, o 'padrão Globo de qualidade' tem sido posto em xeque de forma abrupta nos últimos anos, com a voz cada vez mais presente e relevante da chamada 'nova classe média', em miúdos, a grande fatia da classe C que vem melhorando seu poder aquisitivo e sua qualidade de vida. Com esta mudança de painel social-econômico, a Globo vem se enxergando em um processo complexo e necessário: a saída de um pedestal antes elitista e blasé rumo a um nível mais palpável, do universo de emissor legitimado ao papo-reto, à conversa na base do 'gente como a gente'.
Pois, quando o assunto é a ficção, a emissora vem se saindo bem, sendo como maiores exemplos as tramas de 'Cheias de Charme' e 'Avenida Brasil', sucessos de crítica e público, com suas trilhas sonoras radicalmente populares e seus diálogos rasgado entre dramaturgia e telespectador. Sem concessões, falando a língua da dona-de-casa e da empresária. Mas, quando saímos do faz-de-conta e chegamos ao factual, surgem ruídos na conversa. Como, por exemplo, ocorreu no primeiro 'Encontro' entre Fátima Bernardes  e seu público, na manhã de hoje (25). Confusa, a estreia da atração contou com uma tripla frente de pautas que não permitiram sequer tentarmos adivinhar qual será a 'cara' do programa. 'Adoção', para emocionar, 'a primeira e inesquecível viagem de avião', para dialogar com a nova classe média, e... depilação, para descontrair. Com direito a um deslocado Marcos Losekann, correspondente direto de Londres, visivelmente sem função durante o programa. O roteiro, engessado (como de praxe em programas de entretenimento da Globo), vai diretamente contra a presença de qualquer faísca de humor. Mas Marcos Veras e Victor Sarro  estavam lá, sendo inseridos a cada pauta de forma constrangedora e planejada. Faltando, do início ao fim do programa, o que mais seria essencial para 'Encontro' conquistar de primeira seu telespectador: espontaneidade. Nem mesmo a plateia de cerca de 60 pessoas, inseridas em um cenário de gosto duvidoso, esboçou qualquer espasmo de voluntariedade, participando muito pouco de um programa que, a princípio, promete proporcionar justamente um 'encontro'. Para não dizer que a estreia do novo projeto de Fátima Bernardes foi de uma sonolência completa, é sempre importante ressaltar o carisma e o bom desempenho da experiente jornalista no vídeo. Mas, infelizmente, será preciso mais do que a força de Fátima para que os próximos 'encontros' não se tornem sessões arrastadas (e impessoais) de terapia em grupo, como se mostrou o début da atração.
(Por Pedro Willmersdorf / JB)

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