“Miomas são tumores sólidos que podem provocar sintomas – principalmente na fase reprodutiva da mulher – ou não. Esta última situação é a mais comum. Mas, entre os sintomas detectados, estão sangramento genital aumentado, dor pélvica e aumento do volume abdominal”, afirma o ginecologista e obstetra Nilo Bozzini, professor de Ginecologia da Universidade de São Paulo (USP) e responsável pelo Ambulatório de Miomas do Hospital das Clínicas (HC) da USP.
Os miomas podem localizar-se no corpo (situação mais frequente) ou no colo do útero (raramente). A localização desses tumores benignos no organismo é o que caracteriza e diferencia seus três tipos mais conhecidos, independentemente da textura: subseroso, intramural e submucoso. O primeiro é definido pela presença na superfície externa do útero, enquanto o segundo se dá na espessura da musculatura do órgão. Já o mioma submucoso ocorre em face mais interna, causando deformidade da cavidade uterina.
Apesar de benignos, os miomas podem trazer complicações à gravidez ou mesmo infertilidade. O ginecologista e obstetra explica que, como o local em que o bebê se desenvolve é na cavidade endometrial, se existir um tumor nessa região ele pode ser a causa de um abortamento, parto prematuro. Portanto, é importante a observação, nesses casos, dos volumes desses miomas. Se a mulher estiver em fase reprodutiva, desejando filhos, tratamentos sempre serão mais conservadores.
A incidência genética da presença de miomas ainda é tema de avaliações internacionais, com apoio de números e descobertas de grupos com maior risco de desenvolver os tumores benignos. “Estudam-se hoje, do ponto de vista da influência genética, as mulheres que apresentam tendência familiar, gêmeas e as mulheres da raça negra, que tem de três a nove vezes mais possibilidade de desenvolver mioma, além de estes serem mais volumosos”, completa o Dr. Bozzini.
“No entanto, uma grande maioria das mulheres portadoras é assintomática”, ressalta o especialista. “Muitas acabam sabendo que têm mioma porque vão ao médico, são submetidas a um exame ginecológico ou ultrassonográfico e obtêm esse diagnóstico. No geral, quando a paciente tem sintomas, deve procurar o médico para ser examinada. Para aquelas que não sentem nada, deve-se procurar um profissional uma vez por ano para esclarecimentos adequados no tema, acrescenta.
Uma dúvida ainda muito comum entre pacientes é se o mioma pode se transformar em um tumor maligno. O ginecologista e obstetra explica que poderia se dizer que o lado maligno do mioma é o sarcoma. Mas que a teoria preponderante na classe médica é a de que “mioma nasce mioma, e sarcoma nasce sarcoma”. Logo, apesar de possuírem as mesmas características clínicas, seriam considerados transtornos distintos.
“O grande trunfo de tudo isso é que a incidência do sarcoma é muito baixa. Por isso, a oportunidade que se tem de tratar o mioma de forma conservadora, sem que precise retirar o útero, é grande, porque sabemos que a incidência de sarcoma é pequena. Mas temos de estar sempre de olho em circunstâncias, como crescimento rápido do tumor”, avalia.
Hormônios e cirurgia
O Dr. Bozzini acrescenta que os hormônios estrogênio, responsável por criar condições necessárias à fertilização do embrião, e progesterona, atuante sobre o ciclo menstrual e em modificações no corpo durante a gravidez, são fatores desencadeantes para o crescimento do mioma uterino. “Cada mioma tem um comportamento. Alguns têm receptores positivos em maior proporção para o estrogênio, outros não, e assim por diante.”
“O anticoncepcional até funciona como meio de tratamento nesse sentido. Ao contrário do que acontecia no passado, esses medicamentos têm atualmente uma baixa dosagem, o que ajuda, sobretudo, na ação sobre o endométrio . No entanto, quando acontece de os miomas começarem a crescer na vigência do anticoncepcional, é sinal de que a conduta precisa ser alterada”, acrescenta o especialista.
O ginecologista e obstetra afirma também que a indicação da cirurgia para a extração de miomas depende da faixa etária da paciente, do volume do mioma, dos incômodos registrados. “No caso de um tratamento mais conservador, a mais correta é a miomectomia. Agora, quando a paciente tem uma prole determinada, não deseja mais filhos, a mais indicada é a histerectomia.”
Fonte: www.gineco.com.br
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